O Câncer de Orofaringe e o HPV

O câncer de orofaringe , tem incidência mundial estimada de 115.131 casos , com mortalidade estimada em 77.598 casos em 2015 . Em certas localizações do mundo, como a Índia e Taiwan, as neoplasias de cabeça e pescoço são as mais frequentes, sendo que nestas regiões, os tumores de orofaringe são a quinta neoplasia mais incidente estimada em 2015. No Brasil, a incidência é estimada em 4.551 casos, sendo sua mortalidade estimada em 3.466 casos neste ano, correspondendo a cerca de 5 a 8% das neoplasias malignas em homens e 2% em mulheres.
A orofaringe compreende o palato mole, a base da língua, as tonsilas palatinas e a parede posterior. O local mais acometido pelos tumores é a tonsila, sendo que mais de 90% dos casos são do tipo carcinoma epidermóide. O prognóstico da doença está relacionado ao seu estágio ao diagnóstico, ou seja, quanto mais cedo descobrir e menor for a lesão, maior as chances de cura.
Os fatores de risco mais comumente estabelecidos têm sido, assim como nas outras neoplasias da região da cabeça e pescoço, o tabagismo e a ingestão de bebidas alcoólicas. Com a redução importante no número de fumantes no mundo todo nas últimas décadas, esperava-se também a redução da incidência dos tumores associados ao tabaco. Isso aconteceu na grande maioria das neoplasias, exceto na de orofaringe, onde se observou um aumento importante no aparecimento de novos casos.
Não só novos casos surgiam, como apareciam em pessoas mais jovens, não fumantes, e que não bebiam com frequência . Com isso, pesquisas na área surgiram para explicar esse fenômeno. Desde 1983, Syrjanen já havia relatado uma possível relação entre o Papiloma Vírus Humano e os tumores de faringe. A partir da década de 90, esses estudos ganharam força , comprovando que a infecção pelo HPV , causada principalmente pelo sexo oral, é responsável pelo aumento da incidência dos tumores da orofaringe. Outro dado interessante é que a incidência de câncer de orofaringe associado ao HPV é maior nas pessoas com hábito de fumar e compartilhar cigarros de maconha.
E essa associação só tende a crescer. Ano após ano, mais casos novos surgem , sendo que nos Estados Unidos , a presença do câncer de orofaringe associado ao HPV é de cerca de 70%. No Brasil, ainda não observamos esta relação tão importante, com nossos casos menos relacionados ao HPV, porém , também com incidência crescente observada, conforme estudo publicado em 2014 pelo GENCAPO, grupo de pesquisadores dos maiores centros de tratamento de câncer do país, do qual o Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto do Câncer Doutor Arnaldo se orgulha em fazer parte.
Com isso, muitas pesquisas acerca do tratamento destes pacientes e da eficácia da vacina do HPV na prevenção das neoplasias de orofaringe surgem nos últimos anos. O que sabemos, é que evitar o uso de cigarros e bebidas alcoólicas, além de sexo sem proteção , podem nos ajudar a evitar essa doença tão temida. E, ao encontrar uma ferida na boca ou garganta, ou mesmo dor ou caroço no pescoço que não melhoram em até 3 semanas, procure um cirurgião de cabeça e pescoço para uma avaliação.

 

Tem alguma dúvida ou se identificou com os sintomas? Ligue para (11) 4314-6900 durante o horário comercial e agende a sua consulta com o Dr. Rafael De Cicco.

O Câncer e o Cigarro

Apesar do número de fumantes ter diminuído e do aumento no número de medidas contra o cigarro que temos presenciado, não somente no Brasil, como em todo o mundo, seguem alguns números e fatos alarmantes sobre os malefícios do cigarro, principalmente quando falamos de fator de risco para câncer.

• Na próxima hora, 50 pessoas morrerão por causa do cigarro.

• O tabaco é um fator de risco para cerca de 25 doenças, e enquanto seus efeitos na saúde são bem conhecidos, a escala do seu impacto nas doenças de um modo geral, pode não ser totalmente dimensionada .

• A Organização Mundial de saúde (OMS) informa que o número de mortos em todo o mundo com o uso de tabaco é 4 milhões anualmente. Isto é muito maior do que o número de mortes causadas por uso de todas as drogas ilícitas e álcool combinados. É como se todo dia mais de três aviões jumbo caísse sem deixar sobreviventes.

• O número de mortos deverá subir para 10 milhões por ano até 2020 ou 2030, com 7 milhões de mortes ocorrendo em países em desenvolvimento, como o Brasil.

•  A OMS estima que existem cerca de 1,1 bilhões de fumantes regulares do mundo, que é um terço da população mundial maior que 15 anos de idade.

•  Os fumantes passivos também sofrem os efeitos do cigarro. Estima-se que cerca de 62.000 fumantes passivos americanos morrem anualmente de doença cardiovascular.

•  O Cigarro é responsável não só por aumento no risco de câncer de boca, mas também de:
o Faringe;
o Laringe;
o Pulmão;
o Bexiga, entre outros.

• O risco de uma pessoa que fuma e tem também o hábito de ingerir bebidas alcoólicas em ter câncer de boca aumenta em 24 vezes, comparado a uma pessoa sem estes vícios.
Portanto, vimos que não somente é importante abandonar o cigarro, como também orientar aqueles que fumam, que além de estarem prejudicando a própria saúde, podem estar prejudicando a saúde daqueles que amam.

 

Tem alguma dúvida ou se identificou com os sintomas? Ligue para (11) 4314-6900 durante o horário comercial e agende a sua consulta com o Dr. Rafael De Cicco. Ou se preferir, clique aqui e solicite o seu agendamento.

iodoterapia

Iodoterapia para câncer de tireóide: Conheça indicações, riscos e cuidados

Iodoterapia para câncer de tireóide: Conheça indicações, riscos e cuidados

Após o tratamento cirúrgico dos tumores malignos de tireóide, em alguns casos está indicado a complementação do tratamento, com um procedimento chamado iodoterapia ou radioiodoterapia.

Indicações da Iodoterapia

Este tratamento é indicado para a ablação de tecido de tireoide remanescente da cirurgia ou para tratar o câncer de tireoide que se disseminou para os gânglios linfáticos ou outros órgãos.

Atualmente a iodoterapia tem recebido indicações mais restritas, em menos casos. Mais evidências têm demonstrado que não são todos os pacientes que se beneficiam deste tratamento, e que o mesmo não é isento de riscos ou complicações.

A iodoterapia é amplamente indicada para pacientes com câncer de tireoide papilar ou folicular (câncer diferenciado da tireóide) classificados como moderado ou alto risco para recorrência, com base em critérios estabelecidos antes e após a cirurgia (idade, tamanho do tumor, metástases, entre outros). Mas, não é utilizada para tratar carcinomas anaplásicos e medulares da tireoide, porque estes tipos de câncer não captam iodo.

Cuidados e preparos da Iodoterapia

Existe um certo preparo para realização da Iodoterapia. Deve-se manter uma dieta pobre em iodo durante cerca de 2 semanas antes do tratamento. Isso significa evitar os alimentos que contêm sal iodado e corante vermelho, assim como produtos lácteos, ovos, marisco e soja.

O tratamento é mais eficaz em pacientes com níveis altos de hormônio estimulante da tireóide (TSH>30) no sangue. Essa substância estimula o tecido da tireoide (e também as células tumorais) a absorver o iodo radioativo. Se a tireoide foi removida, uma maneira de elevar os níveis de TSH é não administrar hormônios em comprimidos durante algumas semanas. Isso causa uma diminuição do nível de hormônios da tireoide (uma condição conhecida como hipotireoidismo), que por sua vez faz com que a hipófise libere mais TSH.

Este hipotireoidismo intencional é temporário, mas muitas vezes provoca sintomas como cansaço, depressão, ganho de peso, constipação, dores musculares e concentração reduzida. Outra forma de aumentar os níveis do TSH antes da radioiodoterapia é administrar uma forma injetável de TSH recombinante, conhecido como Thyrogen. Este medicamento é administrado injetável durante 2 dias seguidos, fazendo-se a radioiodoterapia no 3º dia.

Riscos da Iodoterapia

Apesar da eficácia no auxílio do tratamento do câncer de tireóide bem diferenciado, o tratamento como iodoterapia não é isento de riscos. Existem relatos de diversos sintomas após o tratamento.

Os efeitos colaterais a curto prazo podem incluir:

  • Sensibilidade no pescoço;
  • Náuseas e vômitos;
  • Inchaço e sensibilidade nas glândulas salivares;
  • Boca seca;
  • Alterações no paladar.

O corpo emitirá radiação por algum tempo assim que iniciar a iodoterapia. Dependendo da dose de iodo radioativo administrada, pode ser necessária a internação (isolamento) do paciente, geralmente em um quarto especial para impedir que outras pessoas sejam expostas à radiação. Alguns pacientes podem não necessitar de internação hospitalar. Ao receber alta após o tratamento, o paciente receberá instruções sobre como evitar que outras pessoas sejam expostas à radiação e por quanto tempo essas precauções devem ser tomadas. Essas instruções podem variar um pouco de um hospital para outro. Certifique-se de entende-las antes de ir para casa e se persistirem dúvidas pergunte a sua equipe médica.

Mascar chiclete ou chupar balas duras podem ajudar com problemas nas glândulas salivares. O tratamento com iodo radioativo também reduz a formação de lágrimas em alguns pacientes, secando os olhos. Se usar lentes de contato, pergunte ao seu médico quanto tempo você deve evitar seu uso.

Efeitos colaterais da Iodoterapia em homens e mulheres

Os homens que recebem grandes doses totais em função de muitos tratamentos com iodo radioativo podem ter uma diminuição da produção de esperma ou, raramente, tornam-se inférteis. O iodo radioativo também pode afetar os ovários da mulher, e algumas mulheres podem ter menstruações irregulares por até um ano após o tratamento.

Muitos médicos recomendam que as mulheres evitem engravidar no período de 6 meses a um ano após o tratamento. Não foram observados efeitos adversos em crianças nascidas de pais que receberam iodo radioativo no passado.

Tanto os homens como as mulheres que fizeram radioiodoterapia podem ter um risco ligeiramente aumentado de desenvolver leucemia no futuro. Os médicos discordam sobre exatamente de quanto este risco é aumentado, mas a maioria dos estudos mostraram que esta é uma complicação extremamente rara. Algumas pesquisas até sugerem que o risco de leucemia não pode ser significativamente aumentado.

Converse com seu médico se você tiver qualquer dúvida sobre os possíveis riscos e benefícios do tratamento.

Câncer de Tireóide – Qual o Melhor Tratamento?

Assim que temos o diagnóstico de câncer de tireóide ou carcinoma de tireóide após a punção, deve ser tomada a conduta em relação ao tratamento.

O câncer de tireóide deve ser tratado SEMPRE com cirurgia.

Radioterapia, quimioterapia ou radioiodoterapia não são indicados como tratamento principal em neoplasias tireoidianas.

Durante décadas, o tratamento padrão foi e continua sendo, para a grande maioria dos casos, a tireoidectomia total (remoção total da glândula) seguido de Radioiodoterapia. Entretanto, com o passar dos anos, evidências científicas sugeriram que o tratamento poderia ser “reduzido” sem prejudicar o paciente em relação a possibilidade de cura.

Atualmente, principalmente em casos de carcinomas bem diferenciados de tireóide, localizados, pequenos, e em pacientes mais jovens, a lobectomia ou ressecção parcial da tireóide, quando bem indicada, traz os mesmos resultados oncológicos que a tireoidectomia total. As vantagens de uma cirurgia parcial de tireóide seriam as menores taxas de complicação, principalmente relacionadas a rouquidão e hipoparatireoidismo (baixa no cálcio do sangue), além da possibilidade do paciente não precisar realizar reposição de hormônio tireoidiano.

Esta modalidade de tratamento inclusive já é padronizada conforme as recomendações da ATA (American Thyroid Association), que normalmente regem as condutas médicas relacionadas a doenças da tireóide.

Importante sempre fazer uma avaliação médica individualizada, conversando sempre com o médico antes da cirurgia, e se informar sobre todas as possibilidades terapêuticas, decidindo seu tratamento em conjunto com o cirurgião.

Aumento nos Casos de Câncer de Tireóide

Uma grande fração de casos de câncer de tireóide representa um excesso de diagnóstico, e no mínimo meio milhão de pacientes, em sua maioria mulheres, podem ter sido submetidos a cirurgias e outros tratamentos para câncer desnecessários, dizem os pesquisadores da International Agency for Research on Cancer (IARC), em Lyons, França.

O alerta sobre uma epidemia de excesso de diagnósticos de câncer de tireoide veio de uma análise de dados de registro de câncer de 12 países publicada em 17 de agosto no New England Journal of Medicine.

Salvatore Vaccarella e colaboradores da IARC estimam que mais de 470.000 mulheres e 90.000 homens podem ter sido diagnosticados excessivamente com câncer de tireoide em 12 países de “alta renda” (Austrália, Dinamarca, Inglaterra, Finlândia, França, Itália, Japão, Noruega, República da Coreia, Escócia, Suécia e Estados Unidos) de 1987 a 2007.

A maioria desses cânceres de tireoide eram carcinomas papilares pequenos e de baixo risco, observam. A “grande maioria” desses pacientes foi submetida a tireoidectomia total, e uma “alta proporção” também recebeu dissecção de linfonodos cervicais e radioiodoterapia, mas essas intervenções não têm “benefício provado em termos de aumento da sobrevida”, apontam os pesquisadores.

Claramente, este aumento de diagnóstico se deve ao aumento do acesso aos exames de imagens, como a ultrassonografia de tireóide. Este aumento no diagnóstico, porém, não levou ao aumento na taxa de cura da doença, que por si já é alta.

Entretanto, o aumento das cirurgias em pacientes com tumores menores, mostrou uma queda na incidência de tumores mais agressivos na tireóide, como o carcinoma indiferenciado, este, altamente agressivo.

A American Thyroid Association –  ATA recentemente lançou diretrizes atualizadas estabelecendo que a lobectomia de tireoide é um tratamento aceitável – ao invés da tireoidectomia total – para carcinomas de tireoide bem diferenciados selecionados. Este tipo de tratamento apresenta resultados oncológicos semelhantes.

Estas informações têm sido amplamente divulgadas, porém vale ressaltar que estamos em um país com tantas dificuldades de acesso a saúde, tanto pública como suplementar da rede privada. Isso deve ser levado em consideração. Estes dados são de países de alta renda, com acesso a exames, e tratamento médico com muito mais facilidade que no Brasil.

O mais importante é a avaliação médica individualizada caso a caso nos pacientes com câncer de tireóide, com objetivo de propor um tratamento específico que proporcione um potencial de cura, com o mínimo possível de sequelas ou complicações.

Recentemente, um painel internacional de patologistas e clínicos renomeou a variante encapsulada folicular do carcinoma papilar de tireoide (EFVPTC) como neoplasia folicular de tireoide não invasiva com características nucleares semelhantes a papilar (NIFTP) para refletir o fato de que se trata de doença não invasiva com baixo risco